terça-feira, 1 de abril de 2014

Quaresma - tempo de preparação para à Páscoa do Senhor



                                        






TEMPO DA QUARESMA

Catecismo Maior de São Pio X



O Que é a Quaresma?

“A Quaresma é um tempo de jejum e de penitência, instituído pela Igreja por tradição apostólica” (São Pio X, Catecismo Maior, 35).

Para que fim foi instituída a Quaresma?

“A Quaresma foi instituída: 1° Para nos fazer conhecer a obrigação que temos de fazer penitência em todo o tempo da nossa vida, da qual, segundo os Santos Padres, a Quaresma é a figura; 2° Para imitar de algum modo o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo fez no deserto; 3° Para nos preparar por meio da penitência para celebrar a festa da Páscoa”(Idem, 36).

Por que se chama dia das Cinzas o primeiro dia da Quaresma?

“Chama-se o primeiro dia da Quaresma dia das Cinzas, porque a Igreja impõe naquele dia as cinzas na cabeça dos fiéis”(Idem, 37).

A Igreja no-lo indica nas orações recitadas por seus ministros: “Deus, que não quereis a morte, mas a conversão dos pecadores, apiedai-vos da fragilidade humana e abençoai estas cinzas que pretendemos colocar sobre a nossa cabeça, como sinal de humildade cristã por nós professada, e em sinal de penitência para obtermos perdão”. É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia.
Já no Antigo Testamento os homens cobriam-se de cinzas para exprimir sua dor e humilhação (Jó 42, 6). Nos primeiros séculos da Igreja, os penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário, pediam perdão revestidos de um saco; e como sinal da sua contrição, cobriam a cabeça de cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz Santo Agostinho, estenderam essa cerimônia a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis, almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de arrependimento.

Por que impõe a Igreja as cinzas no princípio da Quaresma?

“A igreja, no princípio da Quaresma, impõe as cinzas a fim de que nós, lembrando-nos de que somos feitos de pó, e de que após a morte nos havemos de reduzir a pó, nos humilhemos e façamos penitência dos nossos pecados, enquanto temos tempo” (Idem, 38).

Entremos nos mesmos sentimentos. Deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote nos disser: “Lembra-te que és pó e em pó te há de tornar”, humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte, que, reduzindo-nos ao pó, nos porá sob os pés de todos. – Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a maltratar o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e abstinência que a Igreja nos prescreve.

Com que disposição devemos receber as cinzas?
“Devemos receber as cinzas com o coração contrito e humilhado, e com a santa resolução de passar a Quaresma em obras de penitência” (Idem, 39).

A Igreja termina a bênção das cinzas por uma exortação aos fiéis: admoesta-nos a não nos contentarmos com sinais externos de penitência, mas a lhe bebermos o espírito e os sentimentos. Jejuemos, diz ela, como o Senhor deseja, mas acompanhemos o jejum com lágrimas de arrependimento, prostremo-nos diante de Deus e deplorando a nossa ingratidão na amargura dos nossos corações. – Mas essa contrição, para ser proveitosa, deve ser acompanhada de confiança. Por isso a Igreja acrescenta, a seguir, que nosso Deus é cheio de bondade e misericórdia, sempre pronto a perdoar-nos. Forte motivo este para esperarmos firmemente a remissão das nossas faltas, se delas nos arrependermos! Deus não despreza jamais um coração contrito e humilhado.

Que devemos fazer para passar bem a Quaresma, segundo o espírito da Igreja?
“Para passar bem a Quaresma, segundo o espírito da Igreja, devemos fazer quatro coisas: 1ª. Observar exatamente o jejum e mortificar-nos não só nas coisas ilícitas e perigosas, mas ainda, quanto pudermos, nas coisas lícitas, como seria moderar-nos nas recreações; 2ª. Fazer orações, esmolas e outras obras de caridade cristã para com o próximo, mais do que em qualquer outro tempo; 3ª Ouvir a Palavra de Deus, não por mero costume ou curiosidade, mas com o desejo de pôr em prática as verdades que ouvirmos; 4ª Ter grande cuidado em nos prepararmos para a confissão, para tornar mais meritório o jejum, e para nos dispormos melhor para a Comunhão pascal” (Idem, 40).

fonte:http://www.filhosdapaixao.org.br/anual/quaresma.htm

A lembrança da morte e o jejum quaresmal

Por Santo Afonso Maria de Ligório



Memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris ― «Lembra-te,
 ó homem,
 que és pó e em pó te hás de tornar» (Gen 3, 19).

Sumário. Os insensatos que não crêem na vida futura,
 estimulam-se com o pensamento da morte a passarem bem a vida. 
De maneira bem diferente devemos nós proceder, os que sabemos
 pela fé que a alma sobrevive ao corpo. Nós, lembrando-nos de que
 em breve temos de morrer, devemos cuidar da nossa eternidade 
e por meio de oração e penitência aplacar a divina justiça. 
É com este intuito que a Igreja, depois de por as cinzas sobre
 a cabeça, nos ordena o jejum da Quaresma.

I. Para compreendermos em toda a sua extensão o sentido destas palavras, 
imaginemos ver uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro.
 Ó Deus, a cada um que vê esse corpo, inspira nojo e horror. Não passaram
 bem vinte e quatro horas depois que aquela pessoa morreu, e já o mau 
cheiro se faz sentir. É preciso abrir as janelas e queimar bastante incenso,
 afim de que o fedor não infeccione a casa toda. Os parentes com pressa 
mandam levar o defunto para fora da casa e entregar à terra.

Metido que foi o cadáver na sepultura, vai se tornando amarelo e depois preto.
 Em seguida, aparece em todos os membros uma lanugem branca e repelente, 
donde sai um pus infecto que corre pela terra e donde se gera uma multidão 
de vermes. Os ratos vêm também procurar o pasto nesse cadáver, roendo-o
 uns por fora, ao passo que outros entram na boca e nas entranhas. 
Despegam-se e caem as faces, os lábios, os cabelos; escarnam-se os braços
 e as pernas apodrecidas, e afinal os vermes, depois de consumidas todas 
as carnes, consomem-se a si próprios. E deste corpo só restará um 
esqueleto fétido, que com o tempo se divide,ficando reduzido a um
 punhado de pó.

Eis aí o que é o homem, considerado como criatura mortal. Eis aí o estado a que
 tu também, meu irmão, serás, talvez em breve, reduzido: um punhado
 de pó fedorento. Nada importa ser alguém moço o velho, são ou 
enfermo: a todos caberá a mesma sorte, o que a Igreja recorda pondo as
 cinzas bentas indistintamente sobre a cabeça de todos: Memento homo, 
quia pulvis es et in pulverem reverteris ― «Lembra-te, ó homem, que és pó e 
em pó te hás de tornar».

II. Os insensatos que não crêem na vida futura e têm as verdades
 eternas por fábulas, estimulam-se, com a lembrança da morte, a levar
 vida folgada e a gozarem. Comedamus et bibamus; cras enim 
moriemur (Is 22, 13) ― «Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos».
 De maneira bem diferente, porém, diz Santo Agostinho, deve proceder 
o cristão, que pela fé sabe que a alma sobrevive ao corpo, e que depois 
da morte deste,terá de dar contas rigorosíssimas de tudo quanto tiver
 feito. ― O cristão, que se lembra que em breve deverá deixar
 o mundo, cuidará da sua eternidade e procurará aplacar a justiça 
divina com penitências e orações. É por isso exatamente que a Igreja, 
depois de nos ter posto as cinzas sobre a cabeça, ordena a seus ministros
 que notifiquem aos fiéis o jejum quaresmal:Canite tuba in Sion:
 sanctificate ieiunium (Joel 2, 15) ― «Fazei soar a trombeta em Sião,
 santificai o jejum».

Conformemo-nos, portanto, com as intenções de nossa boa Mãe; e como
 ela mesma o ordena, sejamos no santo tempo da Quaresma «mais 
sóbrios em palavras, na comida, na bebida, no sono, nos divertimentos»
[1]; e, o que é mais necessário, afastemo-nos mais de toda a culpa por
 meio de uma vida recolhida e consagrada à oração, porquanto, no dizer
 de São Leão, «sem proveito se subtrai o alimento ao corpo, se o espírito
 não se afasta mais da iniqüidade».

Ó meu amabilíssimo Redentor, consenti que eu uma a minha salutar
 abstinência com a que Vós com tanto rigor por mim quisestes 
observar no deserto. Consenti também que nesta união eu a ofereça a
 vosso Pai divino, como protestação de minha obediência à Igreja, em
 desconto de meus pecados, pela conversão dos pecadores e em sufrágio 
das almas santas no purgatório. Tenho intenção de renovar esta oferta
 todos os dias da Quaresma. «Vós, porém, ó Senhor, concedei-me
 a graça de começar este solene jejum com devida piedade e de 
continuá-lo com devoção constante»[2], afim de que, chegada a Páscoa, 
depois de ter ressurgido convosco para a vida da graça, seja digno de
 ressuscitar também para a vida da glória. Fazei-o pelo amor
 de Maria Santíssima. (*II 226.)

[1] Hymn. Quadr.
[2] Or. fer. curr.

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Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias 
e Festas do Ano:Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo 
do Advento até Semana
 Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 288-290.

Fonte: Mulher católica. 

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